quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Volte-se para a outra janela





A menina debruçada na janela, trazia nos olhos grossas lágrimas e o peito oprimido pelo sentimento de dor causado pela morte do seu cão de estimação.


Com pesar, observava atenta o jardineiro a enterrar o corpo do amigo de tantas brincadeiras.


A cada pá de terra jogada sobre o animal, sentia como se sua felicidade estivesse sendo soterrada também.


O avô que observava a neta, aproximou-se, envolveu-a num abraço e falou-lhe com serenidade: Triste a cena, não é verdade?


A netinha ficou ainda mais triste e as lágrimas rolaram em abundância.


No entanto, o avô, que sinceramente desejava confortá-la, chamou-lhe a atenção para outra realidade.


Tomou-a pela mão e a conduziu até uma janela opostamente localizada na ampla sala. Abriu as cortinas e permitiu que ela visse o imenso jardim florido à sua frente, e lhe perguntou carinhosamente:


Está vendo aquele pé de rosas amarelas, bem ali à frente?


Lembra que você me ajudou a plantá-lo? Foi num dia de sol como o de hoje,que nós dois o plantamos.


Era apenas um pequeno galho cheio de espinhos, e hoje… veja como está lindo, carregado de flores perfumadas e botões como promessa de novas rosas…


A menina enxugou as lágrimas que ainda teimavam em permanecer em suas faces e abriu um largo sorriso, mostrando as abelhas que pousavam sobre as flores e as borboletas que faziam festa entre uma e outra, das tantas rosas de variados matizes, que enfeitavam o jardim.


O avô, satisfeito por tê-la ajudado a superar o momento de dor, falou-lhe com afeto: Veja, minha filha, a vida nos oferece sempre várias janelas.


Quando a paisagem de uma delas nos causa tristeza, sem que possamos alterar-lhe o quadro, voltemo-nos para outra, e certamente nos depararemos com uma paisagem diferente.

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